Confirmado o
potencial vinícola da região da Chapada Diamantina. Esta realidade, comprovada
pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), através de um
trabalho de pesquisa desenvolvido no município de Morro do Chapéu, consolida
mais uma alternativa de geração de emprego e renda para a região, com a
perspectiva de uma grande produtora de uvas viníferas.
O resultado da
pesquisa – implantação de uma Unidade de Observação (UO), em uma área de 1,2
hectares, com 10 variedades de uvas francesas, próprias para a fabricação de
vinho -, é favorável, e as uvas, com período de maturação de 122 dias, começam
a ser colhidas pelos técnicos da EBDA. Esta etapa, confirma a terceira colheita
das uvas Malbec (produção estimada em 16 toneladas) e Cabernet Sauvignon, e das
demais variedades plantadas – Syirah, Cabernet Franc, Merlot, Pinot Noir,
Chardonnay, Sauvingnon Blanc e Muscat Petit Grain – que serão colhidas nas
próximas semanas.
As colheitas
iniciais, realizadas há um ano atrás, deram origem aos primeiros vinhos,
lançados pela vinícola Miolo, na Feira Nacional da Agropecuária – Fenagro 2012,
com aprovação de enólogos como Giuliano Pereira, da Embrapa Semiárido, que
também acompanhou todo o processo inicial da Unidade de Observação.
Para o
presidente da EBDA, Elionaldo de Faro Teles, a dedicação e trabalho desprendido
por toda a equipe, não poderia ter gerado outro resultado, senão o de um vinho
de qualidade, com aroma e sabor incomparáveis. “Sinto muito orgulho de fazer
parte de um processo experimental tão empolgante, com resultado que
transformará a região em mais um pólo produtor vitivinícola do Brasil, voltado
para a produção de vinhos finos, em sistema de cooperativismo”, destacou Teles,
que já degustou o vinho e aprovou.
A iniciativa, da
Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri),é executada pela EBDA e conta com o
apoio e parceria da Embrapa Semiárido, da Associação de Criadores e Produtores
de Morro de Chapéu e Região, Prefeitura Municipal de Morro do Chapéu, e
cooperação técnica da Cave Coopérative dês Riceys – cooperativa francesa com
larga experiência na produção de uvas para vinhos e champagnes -. O empreendimento,
pioneiro na região, também é destinado a avaliação de culturas de climas
temperados, e visa ponderar o desempenho agroeconômico sustentável ao
agronegócio da agricultura familiar.
De acordo com o
gerente Regional da EBDA, em Jacobina, Renato Coelho – que está à frente das
ações de pesquisa e assistência técnica à área, desde a fase inicial –, o
projeto vem atraindo a atenção de diversos produtores do Estado e investidores
estrangeiros que estão aguardando os resultados finais, após o terceiro ano de
trabalho, para investirem na viticultura, na Bahia.
Assistência técnica e qualidade das uvas
A primeira
Unidade de Observação de uva, para avaliação de variedades destinadas à
produção de vinhos finos, contou com a participação imprescindível da EBDA,
responsável pela pesquisa e assistência técnica. Neste processo, os técnicos da
empresa analisaram a condução da cultura quanto aos tratos culturais, como poda
e adubação, e tratos fitossanitários.
Para estes
experimentos, a EBDA adotou o sistema de irrigação por gotejamento, o que
favoreceu a cultura, mesmo em período de seca, como o que se abate no semiárido
baiano. “Graças à assistência técnica e acompanhamento direto da EBDA, a área
experimental está obtendo excelentes resultados”, afirmou o chefe do Escritório
Local, Fábio Oliveira Pinto.
O experimento
também contribui na formação de estudantes, como os alunos da Escola Estadual
Ernesto Carneiro Ribeiro, localizada no município de Saúde, que participaram
das avaliações técnicas das uvas. Na aula de campo, os alunos aprenderam, com
os técnicos da EBDA, a medir o índice de acidez das uvas e o teor de açúcar em
graus Brix.
A escala de
graus Brix é usada para medir a quantidade aproximada de açúcares e, no caso da
uva, em sucos e vinhos. Quanto mais alto for o brix, maior a doçura e a
qualidade do produto. Através dos estudos levantados pelos técnicos da EBDA,
foi detectado que o índice de ºBx (símbolo do Brix) das amostras de uvas da
variedade Malbec estava marcando 23,2 ºBx. Renato Coelho afirma que a partir de
22,5ºBx (a depender da variedade), já é possível obter um vinho de qualidade.
Início e continuidade da experiência
Em 2010, em
Morro do Chapéu, tudo começou de forma experimental. Técnicos da EBDA avaliaram
as 10 variedades de uvas francesas, com o objetivo de identificar as que melhor
se adaptassem ao clima da região e que resultassem em vinhos de qualidade. E
foi o que ocorreu: as videiras utilizadas nos experimentos, originárias da
região de Champagne, na França, se adaptaram perfeitamente ao clima e solo da
Chapada Diamantina.
Consolidada a
iniciativa, a região da Chapada Diamantina ganhará sua primeira vinícola, com
previsão de conclusão das instalações em dois anos. A Sociedade Vinícola da
Chapada Diamantina será um condomínio de 20 hectares, e terá uma indústria com
capacidade inicial para produzir 200 mil garrafas de vinho/ano.
Fonte: Assimp/EBDA
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