O município da
cidade de São Paulo tem 1600 Km2 e tem uma população de 20.000.000
de habitantes. Como cada pessoa consume cerca de 250 l/dia, em média, ou 0,25 m3/dia/hab,
chegaríamos à conclusão que o consumo médio anual (CMA) desta cidade seria:
CMA= 20.000.000
hab. 0,25 m3/dia/hab. 365 d = 1.825.000.000 m3
Por outro lado,
no município de São Paulo, precipita, em média, cerca de 1300 mm de chuva numa
área de 1600 km2. Portanto, chegaríamos à conclusão que, no
município, precipita em média um volume precipitável anual médio VP de:
VP = 1300 mm.
1600 km2 = 1,3 m. 1600.106 m2 =2.080.000.000 m3
Ou seja, neste
município, em média, temos mais água precipitada que o seu consumo, água que
cai do céu, de graça, limpa, que precisa de, no máximo, de uma cloração, de uma
filtração e a edição de alguns produtos, como sais minerais e a sua re-aeração,
pois a água da chuva tem lá as suas peculiaridades, mas é água e boa.
Eu pergunto: tem
crise hídrica em São Paulo ou é outro tipo de crise? Crise de cultura, de
hábitos, administrativa, sei lá. Ponham o nome que quiserem, mas hídrica?
Por que no
Brasil a água que cai, de graça, nas cidades são tão desprezadas? Bem, as
pessoas podem dizer que não bebem desta água. Tudo bem, mas ela serve para um
uma gama enorme de usos. Quem pode, bebe água mineral. Ele pode.
As pessoas que
vêem a água da chuva das enxurradas das ruas pensam que a água da chuva é suja.
Não. Não é. Nas ruas, se tornam sujas por que se misturam com os sedimentos e
ficam lamacentas, sujas, mas quando caem, são límpidas.
Nos
reservatórios ou cisternas, geralmente enterradas, elas se tornam também
límpidas devido à decantação, que é um processo natural, de graça, de forma que
o seu aproveitamento, mesmo com a sujeira dos telhados e outras áreas, que não
deve ter árvores nas cercanias, por que senão as folhas sujam e colorem a água
da chuva, se tiver uma pequena peneira para a pré-limpeza e outros pequenos detalhes,
como a filtração lenta, a água fica muito boa para consumo.
Eu tenho amigos
que captam a água da chuva em suas chácaras em Feira de Santana e cercanias e
mesmo sem tratamento, eu disse, nenhum, tem uma água que parece até mineral,
limpa, muito gostosa, para seus usos. Muito boa.
Mas, no entanto,
eu não vejo as nossas autoridades falarem nada sobre isto, ninguém falar neste
assunto e ao invés disto, ficarem falando em água de reuso, cujo processo de
potabilização é mais complexo. Está certo se estudar estes processos, mas
desprezar uma água da chuva que cai de graça é falta de bom senso.
Segundo, a água
da chuva, as dos temporais, quando captadas, diminuiriam as enchentes, tão
freqüentes em São Paulo, ou seja, seriam uma forma alternativa de se combater a
crise hídrica e as enchentes, concomitantemente.
Terceiro, a água
tende a se tornar cara e este processo diminui as despesas.
Ela é uma
panacéia para todos os males? Não, mas pode ser para o seu.
Um outro detalhe
é que estes sistemas precisam ser bem dimensionados e o quem quiser obtê-los,
deve procurar um profissional e não sair por ai comprando os reservatórios e
outros equipamentos de qualquer maneira.
Eu tenho a impressão que futuramente irão aparecer
gente mais especializada neste tipo de captação, barata e de fácil manejo.
Por: Prof. Carlos Pereira de Novaes
Professor Adjunto de Hidráulica e Hidrologia do Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana
E-mail: carlospdenovais@gmail.com
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