quinta-feira, 6 de março de 2014

Indústria da seca

Talvez muitos não lembrem: no governo de Venceslau Brás (1914 - 1918) foi-se investidos 2.326 contos de réis em obras para convívio com as secas, contrastando, no mandato seguinte (1919 - 1922), de Epitácio Pessoa (paraibano, diga-se de passagem), foi aplicado neste mesmo setor 145.947 contos de réis! Epitácio Pessoa foi lançado à candidatura para representar os cafeicultores (república café-com-leite), e eles não gostaram de todo esse investimento em estrutura hídrica no nordeste, e isso contribuiu para que ele não fosse lançado novamente, sendo Artur Bernardes o seu sucessor, que neste quesito investiu apenas 3.827 contos de réis para a gestão hídrica do Nordeste brasileiro. O DNOCS, mesmo com muitos investimentos, infelizmente sempre ficou à mercê dos poderosos locais, à favor dos latifúndios de posse desses poderosos, coronéis, empresários da desgraça. A ideia de transposição das águas do rio São Francisco todos sabem que não é recente, vem daquela história de que o Imperador venderia até os brilhantes da corôa para investir na região. E hoje a obra encontra-se em andamento (ops, mais parada do que em andamento); o projeto foi aprovado no governo Lula, com o manto de desculpa "levar água para 12 milhões de pessoas no nordeste setentrional", mas olhando o percurso dos canais, olha lá o que realmente vai beneficiar: o agronegócio da fruticultura! E ai, a indústria da seca será que deixou de existir, diminuiu ou está operando da mesma forma que sempre?

Recomendo a leitura do artigo "100 anos de DNOCS: Marchas e Contramarchas do Convívio com as Secas" : http://www.sei.ba.gov.br/site/publicacoes/sumarios/c&p162/c&p162_pag_58.pdf

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