O
conceito de irrigação cabe muito além de simplesmente molhar, é aplicar água de
forma racional e em quantidades adequadas, maximizando aproveitamento e
minimizando desperdícios, e para que isso proceda de forma eficiente, é que
possuímos e desenvolvemos técnicas valiosas e necessárias de irrigação.
Além
de todo um ambiente propício, principalmente um solo adequado, um limitante à
produção, é a escassez de água. Em regiões onde as condições edafoclimáticas se
apresentam controversas à possibilidade da execução da agricultura, chuvas
irregulares ou as torrenciais em períodos curtos do ano, a alternativa para
manter uma população vivendo, produzindo e gerando renda, é a irrigação
praticada em diversos cultivos. Entretanto, mesmo por métodos tradicionais, até
as técnicas mais sofisticadas, sistemas de irrigação são caros e em maioria das
vezes, inacessíveis a estas populações. A irrigação desde que bem praticada, se
apresenta como uma redenção à região Nordeste do Brasil, pelas condições
adversas de distribuição de chuvas, impossibilitando muitas vezes os cultivos
de sequeiro. Conforme Bernardo (2008), a produtividade média de culturas
cultivadas em regime de irrigação é de 2,5 a 3,0 vezes maior que em áreas não
irrigadas, o valor da produção em áreas irrigadas é em média 5,0 vezes maior
que em áreas não irrigadas.
De
acordo com o Censo Agropecuário de 2006, elaborado pelo IBGE – Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística –, 6,3% dos estabelecimentos do país usam
técnicas de irrigação, e a área irrigada correspondia à 4,45 milhões de ha
(7,4% da área total em lavouras temporárias ou permanentes). Segundo a Abimaq –
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos –, no ano de
2012, a área irrigada do país cresceu 5% para 4,724 milhões de ha. Existem
controvérsias quanto à área total irrigável no Nordeste, alguns autores mais
otimistas que outros. Conforme HEINZE (2002), o Nordeste tem uma área irrigada
de 495.370 ha e a área irrigável é de 2.717.820 ha, a maior concentração de
áreas irrigadas está no Estado da Bahia, correspondendo à 33,95%.
O
Plano Estadual de Irrigação, de 1993, estimou uma área irrigável no Estado da
Bahia da ordem de 1,6 milhão de ha, entretanto, é um potencial subexplorado,
com uma área irrigada estimada em 350 mil ha, dados da SEAGRI – Secretaria da
Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura. Dos
estados do Nordeste, a Bahia detém o maior número de perímetros irrigados,
projetos dos governos Federal e Estadual. Entretanto, voltando a área irrigada,
é um dado preocupante, algo em torno de 21% da área está sendo aproveitada,
podendo se estender e abranger ainda mais a população rural baiana. Mesmo assim,
ainda é pouco, do que poderia estar praticando. A irrigação no Estado não se
resume aos perímetros irrigados, mas tem-se uma porção de outros irrigantes
custeando sozinhos sua produção, e muitos agricultores familiares. Ações de
apoio técnico científico são imprescindíveis à estes produtores, tanto que a
Portaria nº 74, e 3 de junho de 1986, estabelece que nos Perímetros Públicos de
Irrigação um limite máximo de 10% da área total do projeto devem ser destinadas
a profissionais de Ciências Agrárias, com finalidade de servir de exemplo e
apoio técnico aos demais produtores. A equiparação Equipar irrigantes fora dos
perímetros irrigados, também é importante, a SEAGRI recentemente fez a distribuição
de kits de irrigação entre agricultores familiares (vide: http://www.seagri.ba.gov.br/noticias/2014/12/04/agricultores-familiares-recebem-kits-de-irriga%C3%A7%C3%A3o
), afinal de contas, dos 350 mil ha irrigados no Estado, apenas 156 mil estão
em perímetros públicos de irrigação (vide: http://www4.seagri.ba.gov.br/noticias.asp?qact=view¬id=15796
). Além disso, precisamos da reativação de áreas como é o caso do Perímetro
Irrigado Jacurici, no município de Itiúba, as margens do Açude Jacurici
(capacidade de armazenamento de 146.000.000 m³), implantado no ano de 1968 pelo
DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.
A
irrigação promove aproveitamento de recursos naturais, como solo, o qual é
basicamente usado no período chuvoso. Clima favorece e a irrigação torna viável
o cultivo durante todo o ano, possibilitando muitas vezes duas à três colheitas.
Promove integração de atividades produtivas, e há principalmente na
fruticultura, uma ocupação massiva da mão-de-obra por hectare irrigado.
Segundo
Testezlaf et al., (2002), a agricultura irrigada pode significar o aumento da
produção e produtividade, elevando níveis de renda e a conquista de melhoria
das condições de vida da população rural, apresentando-se como fator importante
para manutenção do homem no campo. Precisamos fazer uso dessa tecnologia de
forma racional, pois os resultados são gratificantes.
Bibliografia consultada
INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Censo agropecuário. IBGE. Rio de Janeiro-RJ. 2006, 777p.
HEINZE,
B. C. L. B. A importância da agricultura
irrigada para o desenvolvimento da região Nordeste do Brasil. Disponível
em: < http://www.iica.org.br/docs/publicacoes/publicacoesiica/braulioheinze.pdf
>. Acesso em: 24/12/2014.
TESTEZLAF,
R.; MATSURA, E. E.; CARDOSO, J. L.
Importância da irrigação no desenvolvimento do agronegócio. Disponível em:
< http://www.agr.feis.unesp.br/csei.pdf
>. Acesso em: 25/12/2014.
BERNARDO,
S. Impacto Ambiental da Irrigação no
Brasil. Disponível em: < http://www.agr.feis.unesp.br/imagens/winotec_2008/winotec2008_palestras/Impacto_ambiental_da_irrigacao_no_Brasil_Salassier_Bernardo_winotec2008.pdf
>. Acesso em: 26/12/2014.
Texto: Erli Pinto dos Santos
Técnico em Agropecuária
Graduando em Eng. Agronômica - UEFS
(74) 9196-6275
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