sábado, 23 de novembro de 2013

Crítica à gestão hídrica do Semiárido brasileiro



Avaliando-se a conjuntura de ações públicas de erradicação dos impactos da seca aos habitantes do semiárido, não é mais novidade alguma tudo que acontece à esta referida população durante os anos de seca. Segundo dados do Centro Aeroespacial de São José dos Campos, que desde a década de 1970 afirmou que as secas que acometem o semiárido, são cíclicas e previsíveis, retornando a cada 26 anos e durando 6 anos.
O que vemos na mídia se repete a cada ano, sempre nesse período, chegam aos nossos olhos e ouvidos, as reportagens comoventes de famílias que andam quilômetros em busca de água, piedosamente vivem com um pouco de alimento. Entretanto a mídia não relata o que tecnologias socialmente aplicáveis (TSA) poderiam contribuir para contornar a situação. Contudo, se forem analisados alguns dados, veremos que o que está faltando para o desenvolvimento da região, é a vontade política e investimentos sociais; segundo Harold Schistek, 1998, de toda chuva que cai no semiárido, 36 bilhões de metros cúbicos se desperdiçam pelo escoamento superficial.
Segundo a ONU, uma região tem déficit hídrico quando não consegue oferecer, no mínimo, 1300 metros cúbicos de água por habitante/ano. Segundo a Embrapa, a chuva média do Semi-Árido é de 500 mm, destes, 86% evaporam, 4% infiltra no solo e 9% escorre. Estes 9% é a parte que pode ser armazenada, o que daria um volume de 2250 metros cúbicos de água por habitante ano, quase o dobro do mínimo necessário para o desenvolvimento da região. (SANTOS, 2008)
Há muito tempo já se faz uso do armazenamento de águas pluviais, principalmente em regiões áridas e semiáridas.
O homem, desde a história antiga, armazenava águas superficiais de chuva em seu proveito. No ano 106 D.C., os nabateos já produziam alimentos no deserto de Neguev (com precipitação media anual de 100 a 150 mm), utilizando sistemas de captacão de água superficial, que era concentrada em tabuleiros nas partes baixas dos terrenos (Evenari, 1968). (BARROS, 2000)
Se observar-mos bem os senhores, coronéis, bem sucedidos (economicamente falando) vemos que nenhum deles adquiriu tanto poder plantando milho, feijão, etc., e sim fazendo uso da pecuária. Quando vemos através da mídia a calamidade do pobre que chora com sua plantação de milho estorricada pelo Sol árduo, o que se passa é a falta de informação, uma vez que essa cena se repete sempre. O zoneamento agroecológico do Nordeste, feito pela Embrapa, diz que 44% das terras da região são apropriadas para a pecuária, principalmente de pequeno e médio porte.
Vamos abrir nossos olhos e cobrar do governo realmente o que pode ser aplicado para o Nordeste. Solicitar ao invés de um “prato de comida”, apoio não só financeiro, mas social e tecnológico para aproveitar com exatidão os recursos naturais e hídricos do semiárido.
 Neste momento no Norte Baiano vivencia-se a maior seca dos últimos 40 anos, no cenário aparece com muita freqüência dezenas de carros-pipas transportando água para dessedentação de animais e pessoas, ainda alimentando o que historicamente foi denominado - indústria da seca. Atualmente, as comunidades organizadas e assessoradas por ONG vinculadas a ASA – Articulação do Semiárido tem implementando tecnologias socialmente apropriadas – TSA enquanto proposição de melhoria da qualidade de vidas das pessoas do campo no semiárido. Assim, são cada vez mais necessárias tais técnicas, pois são viáveis e sustentáveis destinando-se à captação e ao armazenamento dos recursos hídricos, com ênfase na captação de águas pluviais. (SANTOS, E. P. dos; 2012)

Texto: Erli Pinto dos Santos
Técnico Agropecuário
Graduando em Agronomia - UEFS
Cel.: (74) 9196-6275

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